sábado, 19 de novembro de 2011

delírio











Ontem saí na companhia dos meus amigos Lautrec e Vincent. Lautrec nos levou para um cabaré em Montmartre, e enquanto discursava sobre a poesia contida na alma e no ofício de uma prostituta, se afundava numa piscina de absinto que havia no meio do salão.

Vincent, muito na dele e já bêbado,sentou-se no canto mais escuro do bar com sua garrafa de gim,dizendo que não nos daria mais ouvidos.

Ela se aproximou,linda,perguntando se eu tinha fogo. Mas como não fumo,sugeri acender seu cigarro nas labaredas de seus cabelos vermelhos. Naquela noite nos braços dela,descobri que o bolero de Ravel era a trilha sonora perfeita para qualquer ocasião,mesmo não tendo um pôr-do-sol iluminando o horizonte.

É uma pena quando o fim chega. Fomos para a beira-mar para que ela pudesse pegar um táxi para a estação lunar. Na volta,caminhando pela rua, ouço uma melancólica sonata que parecia vir da luz da lua. A noite fica mais densa e escura. Fecho a porta e as luzes se apagam. O disco gira na antiga vitrola, e ouço os pingos de chuva de Chopin cairem sobre o telhado. Me deito. Logo aparecem os primeiros raios de sol e o canto dos pássaros. Ao acordar, infalivelmente um novo dia nos é apresentado.